Corpo do artigo
A presidente da Associação de Municípios, Luísa Salgueiro, foi asperamente criticada incluindo no seu partido (PS), por ter abandonado a sessão institucional em que se discutia o "pacote governamental de habitação", quando discursava um convidado, Aníbal Cavaco Silva, antigo presidente da República e primeiro-ministro. Também fui dos que não gostaram porque "protocolo" tem regras democráticas e "ouvir opinião de quem discorda é uma delas".
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, abandonou uma sessão sobre segurança na cidade, porque o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, comprometido a estar presente, não apareceu, embora se tenha justificado e o Governo tenha sido representado pela secretária de Estado da tutela.
São situações diferentes mas mostram que alguma coisa "está torta no reino da Democracia", os responsáveis políticos eleitos ou de Governo têm deveres institucionais que são obrigados a respeitar e, gostem ou não, não podem ter falhas destas. Tanto mais que o clima político-social anda agitado e "quando a pólvora está no ar qualquer fogo dá incêndio".
O Governo não tem ajudado a temperar a situação e o PS institucional também, sabendo como sabem que as oposições não têm crédito para inspirar confiança e só aproveitam o nervosismo do clima para "agitar águas" que não ajudam a Democracia.
Porque é de uma crise de Democracia e Civismo que se trata, arrogâncias de quem governa ou desafios verbais de quem critica só "azedam" o clima de quem tem responsabilidades de corresponder a quem os elege em representação. Esperemos que "os ventos amainem", para normal futuro da vida política e saúde da Democracia, que precisa de ser cuidada, tal como a saúde dos cidadãos.
* Arquiteto e professor