O dinheiro é viciante, imagino eu. Ou melhor, tenho a certeza que sim. Estou como o Oscar Wilde: "Quando era novo pensava que o dinheiro era a coisa mais importante da vida; agora que sou velho, sei que é".
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Mas o meu vício está do lado oposto do espectro das adições financeiras. Eu estou viciado em ganhar dinheiro para pagar as contas depois dos impostos. Quem tem milhões está viciado em ganhar cada vez mais dinheiro para pagar menos impostos. Um sistema que permite esta dualidade é um sistema que torna a desigualdade viral, que contamina as relações com as instituições, que destrói o tecido que nos liga.
O futebol já não une ninguém e toda a gente sabe que em Portugal não se joga dentro das quatro linhas. Escreve-se em documentos alinhavados para que clubes e empresários escapem às suas obrigações. É um vício terrível, o de fugir ao Fisco. Que os investigadores tenham força nas pernas e braços longos.
Jornalista