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Esta semana, uma prestigiada revista nacional surpreendeu-nos com uma dúvida. Na primeira página, a "Visão" declarou que o país não sabe o que fazer com a memória do ditador. É estranha, esta hesitação, porque se trata de um ditador. Que outra coisa há a fazer senão recordar as perseguições políticas, a falta de liberdade de expressão, a repressão sobre as mulheres, a tortura, o provincianismo, a guerra colonial e todas as outras crueldades, abusos e mentiras, para que nunca mais se repitam?
Num país que se respeite não há mais nenhuma alternativa. Não ter a certeza disto é estar num campo longe da normal democracia, a que tem um sentido de decência permanente que evita por inerência as barbaridades. Se for preciso um museu para sublinhar as atrocidades que Salazar criou, fomentou e permitiu durante 40 anos, faça-se. Para que se acabem as dúvidas.
*Jornalista