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Muita tinta tem corrido sobre o corredor BRT da Boavista. A minha opinião é pública, embora reconhecendo a complexidade destes projetos, sem tempo de planeamento face às velocidades impressas pelos fundos comunitários.
Os investimentos não deveriam andar a reboque dos fundos, mas sim, a montante, definirmos que cidade queremos desenhar. Na Boavista, decidiu-se integrar um BRT - transporte rodoviário em canal próprio. Sem discutir a solução, acredito que as cidades de futuro têm, inevitavelmente, de apostar numa rede de transportes públicos musculada e articulada.
A questão é que na cidade não cabe tudo. Quando se desenha um espaço canal BRT sem eliminar faixas de rodagem, os passeios terão de apertar e a ciclovia desaparecer. Foi o que aconteceu. Entretanto, com a infraestrutura concluída e os veículos em atraso, surgiu uma oportunidade para os ciclistas. É fantástica a apropriação deste canal seguro por jovens e adultos, pais e filhos, imprimindo uma nova paisagem urbana saudável.
Recordo que o presidente da nova empresa TMP, Marco Martins, anunciou a possibilidade de haver um sistema de bicicletas públicas partilhadas na AMP, o que seria oportuno no reforço desta prática. Que este tempo de espera pelo início de funcionamento do BRT seja de reflexão sobre a infraestrutura, pousada num dos eixos mais emblemáticos da cidade, e de inspiração para algumas correções. Que esta importante obra não negue a possibilidade de quem quer andar de bicicleta em segurança, percorrendo-a livremente.
* Especialista de Mobilidade Urbana

