A votação do OE confirmou a vantagem política da perda da maioria absoluta pelo PS. Sem ter viabilizado um Orçamento que toda a direita apoiou de forma entusiástica, o PCP foi, no entanto, quem mais propostas introduziu na lei. Muitas outras foram, contudo, rejeitadas pelo PS e toda a direita, desde a tributação das mais-valias à eliminação dos benefícios fiscais para o sector financeiro no off-shore da Madeira, desde a fixação de uma taxa efectiva de IRC para a banca igual à taxa nominal de 25%, à criação de taxas especiais para rendimentos acima de € 200000, ou medidas concretas para o reforço do combate à evasão fiscal. Foi também o que sucedeu com as pequenas empresas, com quem CDS e PSD "enchem a boca" a prometer a eliminação do Pagamento Especial por Conta, mas que mais uma vez desprezaram, nem sequer votando uma proposta para revogar este imposto injusto até 2012.
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Este orçamento agrava os ataques aos trabalhadores em geral, rasga compromissos anunciados aos funcionários públicos no acesso à reforma, continua a destruir milhares de postos de trabalho nos serviços públicos, retoma a venda ao desbarato de empresas lucrativas e estratégicas para o desenvolvimento do País, acentua o desinvestimento público e compromete a execução do QREN, agrava assimetrias regionais e confirma o desprezo do Governo pelas regiões mais deprimidas do País, compromete o crescimento económico e não só não combate como não quer combater o desemprego.
Este Orçamento não defende o interesse nacional. É um Orçamento de subjugação do país aos grandes interesses financeiros nacionais e internacionais.
O Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) confirma o reforço do que de pior está já neste Orçamento. E, tal como já hoje conta com o carinho e a simpatia dos centros de influência e intoxicação da opinião pública, o PEC irá seguramente contar, por mais encenações virtuais que Portas ou os candidatos ao PSD façam, com o apoio de toda a direita parlamentar.
O país precisa de um PEC que aposte no crescimento e no combate ao desemprego, na qualificação e valorização das pessoas, na defesa e reforço da capacidade produtiva do País, no apoio efectivo às pequenas empresas, no aumento concertado da procura interna e das exportações para controlar as contas públicas e combater a dependência externa.
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