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Em 1979, foi publicado nesta cidade um "Manifesto da Comissão Cívica Independente" que, à luz do que vai corroendo o Estado Democrático, é exemplo da coerência que deveria pautar a acção política. Até pela qualidade cívica dos subscritores: Alfredo Ribeiro dos Santos, Jacinto de Magalhães, Manuel Coelho dos Santos, Vitorino Magalhães Godinho e outros.
Defendiam "Uma pátria na Humanidade, através do reencontro da identidade nacional (...). Um povo sem fronteiras, integrando a diversidade das pátrias (...). Um povo livre, na cidadania e no trabalho, com a consciência da honradez do ofício e a hombridade de cada um". E insistiam que "a democracia é incompatível com todo e qualquer totalitarismo" e "supõe uma nova ordem internacional".
No capítulo da ética política, formulavam princípios que, fazendo corar de vergonha certos figurões, deveriam ser obrigatoriamente fixados por quem faz carreira pública, pois: "A Democracia exige a transparência da vida política". E ainda: "Somos pela criação de um novo ambiente para a vida política nacional. Rejeitamos a política profissionalizada, a política deve ser actividade de todos os cidadãos que, sem visar a ocupação deste ou daquele lugar, assumem as responsabilidades que lhes possam incumbir".
E propunham "um projecto para Portugal, que nos abra um futuro de democracia política, económica, social, cultural (...) com ousadia e o passo certo de uma democratização aberta". (Lembrei-me das razões que levavam meu pai, republicano romântico, a defender que os políticos "andassem de eléctrico, para verem, ouvirem e sentirem os problemas do povo".
* Professor e escritor
O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA