É lamentável o ponto a que chegou o PSD, o partido que ainda há uns anos dominava Portugal a ponto de ter coragem para regularmente anunciar aumentos de impostos, congelamentos de salários ou violações várias da Constituição e, simultaneamente, querer fazer-nos sentir culpados por não estarmos a gostar da tortura.
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E a verdade é que conseguiu convencer muitos com essa tese, que estipulava que só havia uma maneira de fazer andar o burro: dar-lhe com um pau no lombo, sem remorsos nem misericórdia, sem parar ou hesitar, mesmo que lhe partam as costelas, as costas e as pernas. Um dia ele há de agradecer, reconhecido, quando os ossos deixarem de doer.
Ainda assim, não sei se por masoquismo de uns ou sadismo de outros, o PSD ganhou as eleições. Mas depois veio Costa e a Esquerda e o terrorismo e o Banco Central Europeu e o sol e a Madonna e o Mário Centeno e a ideia, verdadeiramente inovadora, de que para fazer um burro andar, é bem capaz de ser útil optar por abrandar na pancada e oferecer-lhe uma ou outra cenoura para comer.
Ao PSD, mesmo quando tudo sabia e em tudo mandava, não chegou o manual que explanava este conceito revolucionário e, por isso, dirigentes e militantes viram-se atrapalhados para entender o que lhes tinha acontecido. Foram obrigados a chamar dois novos pensadores, que vendo bem são velhos, para tentar explicar aos laranjas de que cor é uma cenoura. No debate entre Rio e Santana, ficámos porém a saber que os dois novos-velhos afinal são uns meninos. E percebemos que eles ainda não perceberam nada.
JORNALISTA