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Não me ocorre nada de bom a propósito da pandemia. Zerinho. Claro que durante este período absurdo e, espero, irrepetível, aconteceram coisas positivas, como deixarmos de levar com malta a tombar a cabeça para o nosso ombro logo pela manhã, quando viajamos de metro, isto porque, agora, o banco do lado tem um sinal de sentado proibido. Boas ou desagradáveis, há uma série de coisas que caíram no esquecimento em menos de um ano. Ainda se lembram da última vez que deram um aperto de mão a alguém? E aqueles abraços malucos? Se a segregação de afetos está para durar e a gente sente falta, outras coisas há que não deixam saudades e estavam mesmo a precisar de desaparecer do planeta, como aqueles momentos em que alguém tossia para cima de nós. Mas o que me deixa mesmo a salivar e a percorrer as contas do terço dedilhando orações de esperança no fim da pandemia são os almoços de fim de semana. Os assados, os cozidos, os fritos e os grelhados, tudo, mesmo tudo, o que sai daqueles pares de mãos mágicas da Emilinha e do sr. Salvador. Que grande suspiro, meus lindos, só porque amanhã é domingo.
*Jornalista