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Esta semana trouxe notícias entusiasmantes. Eu nem tinha bem noção deste valor, lamentavelmente, mas o Banco de Portugal trouxe a boa nova: o país deu mais de 17 mil milhões de euros à Banca, de 2007 a 2017.
Fiquei imediatamente feliz quando li. Não sabia que eu tinha investido tanto dinheiro em bancos e que me tinham transformado num magnata da finança portuguesa. Andei eu estes últimos anos a tentar poupar, apesar da perda real de salário por aumento brutal de impostos, e afinal houve dinheiro meu metido em vários bancos de renome. Virei banqueiro à moda antiga, milionário e discreto, um novo dono sem saber disto tudo.
Só que depois li melhor a notícia. Afinal, entre as principais operações de apoio à Banca nesses anos estão as imparidades assumidas em 2010 pelas empresas públicas que ficaram com ativos tóxicos do ex-BPN, a capitalização do Novo Banco em 2014 (na sequência da resolução do BES) e a resolução do Banif em 2015. Isto para não falar nas garantias (já executadas) dadas pelo Estado para tentar salvar o BPP, e da recapitalização da Caixa. E ainda falta perceber como vai ser com o Montepio e o fecho do processo do Novo Banco, que continua em plena hemorragia de dinheiro.
Portanto, aumentaram os impostos para pagar a bancos uma dívida que não contraí e usaram o meu dinheiro para comprar sucata financeira que não pedi. Como todos os portugueses, afinal não passo do novo dono do lixo todo.
* JORNALISTA