Corpo do artigo
Ativistas pelo clima barram estradas, atiram tinta verde a ministros, destroem quadros. Será esta a melhor forma de luta contra os atropelos que a humanidade tem feito ao ambiente? Esta é uma resposta difícil e que brevemente terá desenvolvimentos a partir de quinta-feira quando começar uma nova Cimeira do Clima, a COP28, num polémico cenário como é o Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, um país que enriqueceu, e continua a enriquecer, à custa do comércio de petróleo e gás. Será a mesma coisa que dormir com o inimigo? No fundo, esta cimeira é um exame aos compromissos assumidos em Paris em 2015. Depois de uma avaliação global do cumprimento do que foi acordado há oito anos, está na altura de adquirir novos compromissos de redução de emissões.
A União Europeia tem sido a que mais tem forçado a mudança de mentalidades e, por isso, irá propor um acordo global para a redução e eliminação progressiva do consumo e produção de combustíveis fósseis, a pedra angular da descarbonização. Assim, é de esperar que os países produtores de petróleo não facilitem as coisas e, pelo menos, tentem abrandar estas decisões. Mas também é verdade que as principais companhias petrolíferas do Mundo já se convenceram que a época do crude está em decadência, desde logo devido à eletrificação de tudo que é movido a motor de combustão: carros, barcos e até aviões. Todas elas já iniciaram planos de diversificação e conversão, antecipando o que claramente acontecerá mais cedo do que se esperava, o abandono gradual destes combustíveis.
Para isto resultar, haverá necessidade de dar maior destaque e recursos às políticas de adaptação no sul do planeta, onde as consequências da crise são vividas de forma mais dramática e com menos possibilidades de enfrentá-las.
O contexto em que a cimeira vai decorrer contém elementos que poderão funcionar a favor da descarbonização: a guerra na Ucrânia, apesar de trágica e com contornos ainda não mensuráveis, obrigou ao desenvolvimento de energias renováveis, não só na Europa, mas também no resto do Mundo. A juntar a tudo isto a recente declaração conjunta entre a China e os Estados Unidos, os dois maiores poluidores mundiais, na qual se comprometeram a trabalhar para combater o aquecimento global.