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A região do Douro está num beco sem saída. Muita atividade, sobretudo no imobiliário, no turismo, mas resultados económicos fracos, o que indicia não haver criação de riqueza para distribuir.
Há uma falsa noção de desenvolvimento porque os fluxos financeiros fortes conseguem encobrir ineficiências económicas e dívidas elevadas. A principal atividade económica - o vinho encontra-se praticamente estagnada, quebra de 10% de vendas nos primeiros cinco meses de 2023, a juntar à ausência de valor acrescentado para o viticultor.
Ao mesmo tempo, um forte investimento em compra de novas quintas, novas adegas e empreendimentos hoteleiros - verticalização do negócio, através da utilização de dinheiro disponível, o denominado “cash flow”.
A economia da região está a 75% da média nacional, os jovens não têm emprego, há despovoamento e envelhecimento da população. A região não é “cool” para viver, quem fica vive mal. O que fazer para promover o desenvolvimento do Douro com sustentabilidade?
Remunerar durante três anos os viticultores, através de um preço mínimo garantido para o quilo das uvas que pague os custos de produção acrescido de um adicional de valor acrescentado.
Elaborar modelos económicos, elencar as práticas culturais mais corretas na implantação e manutenção da vinha, determinar o valor de remuneração das uvas que gera sustentabilidade.
Criar linhas de incentivo financeiro do Orçamento do Estado para apoiar o arranque de vinhas; criar linha de crédito bancária a 20 anos com cinco anos de carência, dando como garantia os lotes de vinhos em stock para de longo prazo (mínimo cinco anos) para armazenamento em cave de vinhos DOC Douro de alta qualidade.
Autorizar os jovens agricultores do Douro a poderem ser operadores de vinho do Porto sem limitação de quantidade mínima. Usar os 12 M€ de taxas que são dos produtores no IVDP para promoção dos vinhos DOC Douro no estrangeiro.
Colocar a Autoridade da Concorrência e a ASAE a acompanhar a distribuição de valor na fileira da vinha e do vinho. Reforçar o orçamento da CIM Douro para fazer com que monte uma estratégia para o Douro captar no curto prazo uma forte quota de turismo de alta qualidade e alto valor acrescentado, assim como gente para trabalhar e/ou viver.