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Indiscutivelmente amargo, o resultado do clássico é punitivo para o F. C. Porto. Uma conclusão que parece um contra-senso, tendo em conta que foi a equipa que mais jogou, que mais produziu, a única com oportunidades criadas e não provocadas, a única que enviou uma bola à trave (até duas...), aquela que dominou a quase todo o tempo, a única que quis verdadeiramente ganhar pela acção. O amargo de boca reside na oportunidade perdida de criar dificuldades acrescidas a um rival directo que só quis jogar um jogo que o protegia de um mal maior, ou seja, da derrota. O Benfica cumpriu, quase na íntegra, o seu plano de jogo. O F. C. Porto, bem na partida e capaz de ser mais contundente, preferiu travar o seu plano à medida que a segunda parte entrou na zona de tempo decisiva. A dada altura, nenhuma equipa correu riscos. A saída de Gabri Veiga e a entrada mais do que tardia de Rodrigo Mora deram a indicação de que o Dragão não era só fogo mas também portador de gelo.
Se o golo de Rodrigo Mora tivesse acontecido ao minuto 92, estaríamos a falar de um golpe magistral de Farioli, talvez porque a alegria nos toldasse a razão. Detentor de indiscutíveis méritos na forma como moldou a equipa para um arranque de temporada histórico, neste jogo e com a entrada de Pablo Rosário a sacrificar Gabri Veiga, o treinador italiano escolheu ser mais italiano do que Mourinho. Curiosamente, o Benfica cresceu no jogo porque sentiu que o F. C. P. havia dado um passo atrás. Foi já com Gul e Mora que voltámos a dominar o jogo, mas aí sem muito tempo para sermos contundentes com o adversário. Um penálti evidente não assinalado por agarrão de António Silva a Gul deixa a sua marca num jogo onde o Benfica não podia ficar a sete pontos.