No último sábado, depois de jantar em Matosinhos, fui até ao Queimódromo para festejar o regresso das noites de Queima aos seus bons velhos tempos, o regresso dos magníficos espetáculos do Revenge of the 90" e, graças ao resultado da Luz, para festejar também o regresso do meu clube aos títulos de campeão nacional.
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O festejo de tantos regressos chegou a motivar-me fazer deles o tema inspirador da crónica de hoje, mas apesar de terem sido três alegrias enormes, decidi escrever sobre o sucesso que estão a ser as duas primeiras estrelas Michelin do concelho de Matosinhos.
Há muito que não é segredo para ninguém que Matosinhos tem na sua gastronomia e nos seus restaurantes um dos principais ex-líbris do concelho, mas a aposta comum do chef Rui Paula e da Câmara, bem estribados no génio e talento do arquiteto Siza Vieira, é a cereja que faltava no cimo deste "bolo".
Pensando bem, não estou a fugir assim tanto do tema dos festejos com que comecei. Ir à Casa de Chá da Boa Nova é participar numa festa como a Queima, arriscar uma experiência como os Revenge e festejar um campeão como o F. C. Porto.
Foi também neste mês de maio em que o tempo nos começa a puxar cada vez mais para perto do mar, que resolvi ter uma experiência por pratos nunca dantes navegados. Não é por mero acaso que o mar, os Descobrimentos e Os Lusíadas de Camões compõem o trio inspirador desta versão mais moderna da antiga Casa de Chá da Boa Nova.
Toda a gente sabe que o ótimo é inimigo do bom, mas neste caso o ótimo é também grande inimigo do fácil. Foi preciso um milagre amigo para arranjar mesa e depois a maior dificuldade é convencermo-nos a aceitar que dos 21 cantos propostos no menu de degustação, o mais sensato é ficar por seis. Sendo certo que à medida que vamos sendo surpreendidos por cada prato que aterra na mesa, vai crescendo a pena por não irmos provar os outros 15. No final trazemos a ementa assinalada com as escolhas feitas pelo chef para o nosso jantar, para que quando lá voltarmos saibamos quais são as experiências que nos faltam. Ou repetir as que nos deixaram mais saudades.
Ter mais olhos que barriga é outra expressão popular que tem aqui explicação fácil. Desde logo porque antes da nossa boca explodir de prazer com novos sabores nunca dantes provados, são os olhos que se deliciam com o que veem. Para além da vista deslumbrante do mar revolto quase a chegar-nos aos pés, são as obras de arte que o chef Rui Paula inventou com os ingredientes que combina e os objetos onde eles se acomodam e desfilam.
*Empresário