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Se não estiveram lá, não sabem. Se não viram, não sabem. Se só agora vai ser averiguado, não sabem. E quem não sabe, não pode ter certezas, não pode distribuir insultos e conceder indultos, como se a verdade sobre este caso fosse absolutamente evidente e não dependente.
Isto não é um exercício de relativismo. Há valores que não dependem, antes se defendem com unhas independentes: um não é um não.
Mas não há mal algum em dizer isto: "Há versões contraditórias, ainda não se sabe o que realmente aconteceu, pelo que não sei o que pensar". A investigação é bem-vinda.
A certeza pública sobre a vida alheia é uma doença moderna, uma obsessão bipolar que degrada a comunidade. Tão grave quanto a exibição pública em permanência, que só autoriza a segurança da adulação cega e não suporta a crítica.
Deixem-se de demonstrações de absolutismos ocos. Não mata ninguém dizer em voz alta que não se tem a certeza. Experimente, tenho a certeza que ninguém vai duvidar.
JORNALISTA