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Muito do que temos vindo a dizer do Governo PS conduziu ao esperado, a crise com marcação de novas eleições e a “revolução interna” do partido com disputa de nova liderança. Doloroso para velhos militantes assistir a tudo isto, quando António Costa o poderia ter evitado.
Mas como o “dia de amanhã” não espera, lá vamos ter a disputa interna socialista a anteceder a decisão nacional, numa mistura que não ajuda.
O PS ainda não curou algumas “cicatrizes do antecedente”, no dizer de um candidato que se referia a outras, e a “nova imagem” jovem é desafio que não será fácil vencer, pois a juventude tem outras preocupações e ideias a que o “aparelho partidário enferrujado” e transformado em “agência de emprego” não tem sabido responder. A juventude melhor preparada que sai das universidades tem visões da economia e sociedade diferentes desta lógica, no emprego e desempenho profissional e nas questões do futuro, sabe que é pela via do desafio e competição aberta e não pelo “cartão da Jota” que o país avançará. António Costa falhou neste campo e os candidatos à sucessão, se forem pelo mesmo caminho ficarão, cada vez mais, a falar para o umbigo. Ora isso não pode acontecer num partido central da nossa democracia, pois a atual crise é de democracia e futuro e não de cómoda adaptação de interesses. Diria que cada um tem o que merece, mas as comemorações dos 50 anos de Abril merecem uma festiva recordação, também uma avaliação do muito que ficou por fazer e da responsabilidade de o completar.
O Mundo está em mudança e os portugueses sempre se adaptaram a estes “saltos históricos”, espero que isto seja entendido pela nova lógica socialista, por todos os outros também.