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As autárquicas terminaram com uma "vitória técnica" do PS, conquistando algumas sedes de distrito importantes mas perdendo em zonas chave, Lisboa, Porto e Gaia, onde tinha feito apostas desadequadas à realidade social dos respetivos territórios. O Porto, concretamente, é "burguês, liberal e republicano" e o PS deveria perceber porque ganhou em 89/90 graças a divisão de Direita e porque Rui Rio e Rui Moreira daí em diante sempre ganharam, com Pizarro a somar derrotas sucessivas.
De todo modo, a atual liderança de JL Carneiro pouco teve a ver com estas escolhas mas compete-lhe gerir os resultados, sabendo que uma parte das suas "tropas partidárias" ainda está agarrada aos "esquerdelhos de Costa" e pouco disponível para um caminho mais conforme com a realidade política e social do país. Este é o grande desafio do partido, recuperar a base socialista democrática de Soares e Zenha e não alimentar "esquerdelhos" em extinção, que fora ou dentro do partido, não levarão a nenhum futuro.
O caminho do líder não vai ser fácil e as presidenciais já o demonstraram, com "alguns patetas comprados em 2.ª mão e pagos como novos" a complicar o caminho da AJ Seguro, sério, competente e que nunca atrapalhou a liderança partidária quando foi afastado. JL Carneiro conhece a situação e sabe que tem de decidir "tarde e a más horas" mesmo sentindo que algumas vozes, mesmo caladas, não lhe facilitarão a vida.
De tal modo que o futuro partidário não será "um mar de rosas", o caminho a fazer será pleno de espinhos e o PS tem de refletir para dentro, deixar de ser uma "agência de emprego" e voltar a ser um "centro de reflexão sobre o futuro", capaz da atrair juventude e corresponder a novos paradigma civilizacionais.