Através do Banco de Portugal, soubemos, há pouco tempo, que as exportações portuguesas bateram o recorde em 2022, tendo registado um aumento de 33,9% em comparação com o ano de 2021. Na verdade, temos alguns problemas estruturais, mas somos, cada vez mais, uma economia competitiva. Tanto os setores exportadores tradicionais como setores baseados no conhecimento continuam a ganhar cota e notoriedade no mercado internacional.
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Mas para darmos um salto maior, precisamos de reduzir a burocracia que, apesar dos progressos, é ainda demorada nos licenciamentos industriais, e de refinar os incentivos à inovação, para que a nossa indústria consiga desenvolver equipamentos produtivos de maior intensidade tecnológica. É também fundamental, e estratégico, apoiar novas linhas de financiamento para suportar projetos nacionais únicos que potenciem a produção de equipamento industrial de ponta. Porque se tal não acontecer, vamos continuar a receber fundos para comprar equipamento de alto valor aos grandes contribuintes líquidos da UE.
A nova fábrica de vacinas que está brevemente para inaugurar em Paredes de Coura tem, como sabem, equipamento altamente sofisticado e inovador. Porém, salvo pequena exceção, não tem uma única máquina de produção nacional. Na verdade, continuamos a receber fundos para comprarmos ao estrangeiro, o que agrava o nosso saldo da balança comercial. É verdade que estamos a criar uma cadeia de valor e exportaremos para esses países. Mas o país tem de apostar na sua soberania tecnológica e encontrar formas de aumentar a incorporação de máquinas e ferramentas nacionais nos projetos industriais a desenvolver.
Temos, na verdade, de apostar numa política industrial nacional. Precisamos de influenciar as políticas e os programas de financiamento e de construir parcerias capazes de integrar tecnologia em consórcios sólidos, como estamos a fazer com as agendas mobilizadoras, para criarmos marcas inovadoras de maquinaria industrial portuguesa com os objetivos de fixar riqueza, de criar emprego qualificado e de ganhar competitividade tecnológica. Se isto não mudar, continuaremos a construir fábricas em que a única coisa que é portuguesa é o cimento. E até nem esse...
*Presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura