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Não há motivo para festejar. Após grande destruição e milhares de mortos, no sábado, cumpre-se o segundo aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia, um conflito que, nos dias de hoje, não está a correr de feição para Kiev e muito menos para a Europa. A retirada do exército ucraniano de Avdiivka por falta de munições representa a maior vitória de Moscovo desde a captura de Bakhmut em março do ano passado. Dá trunfos a Putin, que cada vez mais se sente impune.
A Ucrânia está a sofrer e desesperar. Não foi por acaso que Zelensky se queixou da falta de armas, pela qual o Partido Republicano dos Estados Unidos é o principal responsável. O bloqueio orçamental da ajuda à Ucrânia no Congresso dos EUA e as repetidas declarações de Donald Trump contra a NATO colocam os países europeus numa encruzilhada. Não só o futuro da Ucrânia está em jogo, mas também a segurança coletiva da Europa. É aqui que se veem os grandes líderes e quer Trump ganhe ou não as eleições de novembro, a Europa não pode continuar a comportar-se como se a última garantia de defesa ainda esteja a cargo dos Estados Unidos da América.
Isto porque aquela que foi uma superpotência indispensável para a estabilidade e segurança da Europa durante mais de 80 anos está agora submersa num mar de incerteza. Internamente joga o futuro da sua própria democracia e externamente continua a perder força sobre o seu papel na ordem global. Todos sabemos que, para Trump, a solidariedade com os seus aliados não conta, como demonstra a chantagem que condiciona o essencial pacote de ajuda militar a Kiev ao fecho da fronteira com o México. Sem a participação robusta da Europa, pode deixar de fazer sentido a existência da NATO. Por isso, é bom que nos preparemos para superar o efeito duplo e perverso de um hipotético Trump na Casa Branca e de um Putin no Kremlin. O primeiro passo é a Europa cumprir o investimento de 2% da sua riqueza na defesa. O suficiente para defender a soberania dos países-membros e da vizinha Ucrânia. É que com Trump no poder não vamos lá.