No início desta semana foram recebidos vários convidados no Palácio de Belém para assistir a umas inovadoras comemorações de mais um aniversário do 25 de Abril.
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Em boa hora o presidente da República, Cavaco Silva, fez da crise uma oportunidade e apresentou uma proposta para uma inovadora e mais arejada cerimónia. Em vez do ritual, sem qualquer novidade, foi possível ouvir discursos diferentes, destacando-se, aliás, o do presidente Sampaio, realista na descrição da situação, nos caminhos que apontou e na relação sistemática que fez entre a liberdade conquistada e a consequente responsabilidade a cumprir.
Espero bem que este exemplo faça o seu caminho. Só assim, para o ano, será possível uma comemoração centrada nas intervenções do presidente da República e presidente da Assembleia da República, representantes dos dois órgãos de soberania directamente eleitos. Só assim não se voltará a formalismos que cada vez mais perdem sentido e interesse.
Mas, para além desta marca, estas comemorações deixaram uma outra: após a abertura de um novo ciclo político, com as passadas eleições presidenciais, iniciou-se, agora, um novo discurso. A ideia de que é necessário um acordo muito amplo à volta de um futuro Governo é, agora, evidente. Ninguém acredita numa maioria absoluta e isto não obriga a um bloco central, mas antes a uma solução que possa juntar, com diferentes papéis, os três partidos de governo em Portugal. Por isso, PS, PSD e CDS têm uma enorme responsabilidade. Saiam vencedores ou vencidos daquelas que podem ser as eleições mais livres da nossa democracia, terão de participar na solução, seja no governo, seja no Parlamento. Um acordo terá de ser feito, entre iguais e sem capitulações.
Aceite este novo princípio e, após conhecer as condições políticas do acordo europeu, cada um dos três deve apresentar as suas diferentes propostas políticas. Só então começa a campanha. Acredito que, pelo menos nessa ocasião, PS e PSD percebam que não ganham nada neste jogo de acusações mútuas. Se não o fizerem, não há problema: mais espaço sobra para quem não o tem feito. O juízo será nosso.
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