Ao ouvir o Papa Francisco, no Angelus de domingo, parecia que estava a falar para a Igreja portuguesa e do mau momento que esta vive: "Não cedas ao pessimismo que deprime, não cedas ao temor que isola, não cedas ao desânimo por causa da memória das más experiências, não cedas ao medo que paralisa".
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O Papa comentava o evangelho da ressurreição de Lázaro (Jo 11, 1-46). Já há quatro dias que estava enterrado. Já cheirava mal. Mesmo assim Jesus pede para abrir o túmulo e grita: "Sai para fora!". Mesmo nos momentos em que parece que tudo está perdido, Jesus diz: "Sai para fora! Levanta-te, retoma o caminho, recupera a confiança!".
Uma sondagem da Aximage para o JN, TSF e DN, divulgada no domingo, concluía que entre os inquiridos que se assumiam como católicos (67%), cerca de um quarto perdeu a confiança na Igreja (23%), outro quarto sentiu a sua confiança abalada (24%) e só um quinto continua a confiar na Igreja (20%).
Não são dados animadores. Contudo, as diferentes formas de encarar a Igreja são transversais às diferentes faixas etárias e a todas as regiões do país. Este facto rasga uma janela de esperança, pois a Igreja pode encontrar apoio em todas as idades e lugares.
Apesar de tudo, ainda há quem continue a confiar nela: estes não podem ser defraudados! Aos que estão abalados na sua confiança é urgente esclarecer as suas dúvidas e consolidar as suas certezas. Em relação aos que perderam a confiança, é essencial ser sensível às suas razões. Para isso, será decisivo assumir que a Igreja é constituída por homens e por mulheres falíveis.
Não adianta maquilhar as suas falhas. É necessário assumi-las com humildade e corrigi-las com celeridade, custe o que custar. Só assim se poderá recuperar a confiança daqueles que a perderam - ou que a sentiram abalar - e, igualmente, fortalecer a dos que a conservam.
Padre