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A semana passada foi bem demonstrativa de tudo o que vão ser os próximos tempos da política nacional, tendo ficado evidente que a instabilidade corresponde à vontade de alguns dos seus protagonistas. De facto, há quem esqueça que o mundo está constante em mudança, e que o que hoje é verdade amanhã pode já não o ser. Vamos a factos. Após as eleições de Setembro do ano passado, os portugueses determinaram que o PS deixasse de ter maioria absoluta. Assim, o Primeiro-ministro José Sócrates viu o seu partido ser o mais votado, mas sentiu na pele uma novidade da nossa democracia: passou a ser o primeiro líder partidário a vencer eleições e perder a maioria absoluta. A mensagem foi evidente. Os portugueses continuaram a querer o PS a governar, mas não subscreveram que desempenhasse a tarefa sozinho.
Perante a tradicional incapacidade de à esquerda se fazerem acordos, o PS tentou o Big Brother de coligações propostas a todos na praça pública. O resultado foi o evidente. Sócrates não é boa companhia. Começou então uma tormentosa governação com muita berraria e nula de medidas ou "reformas". Pelo meio, o PS e PSD lá acordaram o aumento de impostos e o PEC de austeridade. Ao mesmo tempo assumiram uma postura clara. O primeiro não governa porque diz que não tem maioria absoluta. Já o segundo, como ainda não quer governar, diz que se está a preparar, como se fosse uma espécie de caloiro que estuda para um exame e o quer adiar o mais possível. Por estranho que pareça passamos tempos em que o poder queima.
Nesta fase, o presidente do CDS, Paulo Portas, apresentou a solução evidente. Defendeu a constituição de um Governo que englobasse os partidos que após o período revolucionário foram cumprindo funções de governação, e em que o mais pequeno pudesse moderar as tensões entre os dois maiores. Enfim, depois de notícias na comunicação social sobre soluções de Governo quer incluíam o CDS, o partido explicitou no local adequado e através da sua voz mais autorizada o que considera razoável.
Aparente mente caiu o Carmo e a Trindade, mas haverá razão para isso? Será que PS e PSD já reflectiram sobre a actual realidade? Será que comentadores ou políticos mais exaltados já pensaram no que quererá o povo português? A mim parece evidente que não.