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Num inquérito feito em 45 países pela associação de pesquisa em marketing Gallup, representando cerca de 75% da população do planeta, Hillary Clinton vence folgadamente a Donald Trump. O país onde é maior a diferença entre a democrata e o republicano é Portugal, com 80%. Significativamente, de todos os países interrogados, só a Rússia dá a preferência a Trump.
Quem vota são os americanos, mas o Mundo não pode deixar de se interrogar como é que ainda há dúvidas sobre qual deve ser o candidato vencedor. O que se passa com a América, para que um candidato racista, mitómano, sexista, impulsivo, egocêntrico tenha possibilidades de vencer? Como é que pode disputar sondagens alguém que se recusa a mostrar os seus impostos, que é ajudado por "hackers" russos, apanhado em gravações escabrosas e que faz a revista "Variety", pela primeira vez em 111 anos, vir apelar ao voto num candidato que o derrote?
Sim, ela é democrata e ele é republicano. Ela representa o "sistema", o "status quo", e ele fala para um eleitorado que sofre com a globalização, que se sente encurralado socialmente, que teme as alterações étnicas, que gosta do autoritarismo. Sim, estas eleições ocorrem num clima em que as mentiras encontram melhor caminho do que as verdades comprovadas, e para isso nada melhor do que um vendedor de imóveis, habituado ao espetáculo televisivo.
Mas não será curto para explicação, perante a tão gritante diferença de qualidades dos candidatos, ou a mais orgânica divisão entre a raça humana também entra na balança? Talvez seja como disse Barack Obama, esta semana: "Sabem, há uma razão por que ainda não tivemos uma mulher presidente antes e às vezes penso que ainda estamos a tentar ultrapassar esse obstáculo".
Três cientistas políticas americanas que estudaram a ligação entre sexismo, emoções e apoio a Trump, revelaram que quanto maior era a hostilidade dos eleitores para com as mulheres, mais provável era que apoiassem o republicano. A pesquisa, realizada em junho, defende que a hostilidade em relação às mulheres era um fator mais determinante no apoio a Trump do que a inclinação para o autoritarismo ou o preconceito racial.
E segundo a "The Economist", Clinton lidera entre as mulheres por 20 pontos, enquanto Trump lidera entre os homens por sete pontos. Se este fosso entre os géneros se confirmar, será o maior de sempre nas eleições norte-americanas.
É por isso que se no dia 8 os americanos vencerem o machismo, livrarão o Mundo de um sarilho e farão a humanidade dar um passo em frente.
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