<p>Ao mesmo tempo que promulgava o Orçamento de Estado, Cavaco Silva apelou a "uma atenção acrescida na relação custo benefício nos gastos públicos". Mas atenção para quê? Até o mais desatento dos portugueses conclui o óbvio: a despesa pública é desmesurada e os benefícios daí decorrentes mínimos.</p>
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Os governos dos últimos anos, a começar por aquele em que Cavaco Silva foi primeiro-ministro, transformaram os portugueses em meros escravos do orçamento, que consome exactamente metade da riqueza do país. Assim, a população empobrece, em proveito dum estado imenso, rico e esbanjador, caracterizado por gastos sem controlo na Educação, na Saúde ou na Justiça.
Os cerca de sete mil milhões de euros que o Governo gasta, por exemplo, no ensino Pré-escolar, Básico e Secundário - 700 euros per capita, aproximadamente três mil por família - não têm o equivalente retorno no que diz respeito à qualidade de ensino. Nem por lá perto! O cúmulo dos cúmulos é mesmo o custo anual por aluno: quase cinco mil euros!!!
Nem o apoio na saúde corresponde, de forma alguma, aos oito mil milhões de euros de gastos anuais. Alguém acredita que cada português usufrui, em média, de cerca de oitocentos euros em cuidados de saúde?
Ou seja, os gastos públicos em educação dariam para matricular todos os alunos em colégios privados e o que se esbanja em saúde pagaria qualquer das melhores apólices de seguros.
Atente-se ainda aos milhões gastos no sistema judicial, que desbarata recursos e nem sequer gera qualquer benefício na sociedade portuguesa. Pelo contrário, a inoperância da máquina da Justiça institucionalizou a impunidade e a lei do mais forte, introduzindo, isso sim, malefícios irreversíveis.
E isto já para não falar dos gastos das autarquias, que em muito pouco contribuem para o incremento da qualidade de vida dos cidadãos. Será que os lisboetas imaginam que a sua Câmara derrete um milhão e 800 mil euros em cada dia que passa? E que benefício têm os portuenses com os 620 mil euros de gastos diários da sua Autarquia? Sim, domingos e feriados incluídos. Porque os serviços fecham, mas a despesa não pára. Jamé.
Neste cenário que roça a loucura, não é de forma alguma admissível a manutenção da actual carga fiscal. Portugal precisa de uma administração pequena, forte e prestadora de serviços que promovam socialmente os portugueses. E não dum estado sanguessuga, caro e praticamente inútil.
"Atenção acrescida" para quê? É só fazer as contas.