Dentro de poucos dias, escolheremos os rostos que guiarão as nossas cidades, vilas e freguesias. É um momento maior do que parece, porque é aqui, no chão onde vivemos, que a vida se constrói. E nunca os tempos foram tão duros, tão exigentes e tão carentes de humanismo.
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Vivemos uma crise social sem precedentes: casas que se tornaram miragens, salários que não chegam, falta de braços para trabalhar e uma imigração necessária mas, tantas vezes, mal gerida, que revela as feridas de um país sem rumo. A inflação corrói o quotidiano e o turismo, que enche as ruas de línguas e luzes, vai esvaziando o país de quem o habita. Tornámo-nos destino quando devíamos ser origem.
É neste cenário que as autarquias se tornam faróis. São as máquinas maiores do território para fazer acontecer. São o condomínio da cidade, a família que cuida, o vizinho que conhece as fragilidades e os sonhos de cada um. Por isso, estas eleições são talvez as mais importantes de todas.
Mas que presidente de câmara precisamos agora? Um rosto que não procure aplausos fáceis, mas olhares sinceros. Alguém que ame a terra e as pessoas, que saiba cuidar! Cuidar da habitação, da saúde, da educação, da mobilidade, dos jovens que não queremos que partam e dos idosos que queremos que fiquem com companhia e com teto.
Precisamos de presidentes sérios, transparentes, capazes de ouvir, refletir e ter coragem de decidir, mesmo quando as decisões são difíceis. Que não façam apenas o que agrada, mas o que é necessário, ainda que disruptivo. Porque hoje o país precisa de líderes humanos, ambiciosos, firmes, sem medo. Presidentes que saibam que governar o local é, no fundo, o ato mais nobre de cuidar do país.