Mesmo em pleno Carnaval não é fácil fugir da guerra na Ucrânia nesta Quarta-feira de Cinzas. Valha a verdade que o que é mesmo difícil é fugir dessa coisa horrorosa, para quem ainda por lá se encontra em heroica resistência ou simplesmente por não ter meios de fuga.
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Nunca o ex-comediante como o presidente ucraniano Zelensky imaginou que lhe estava reservado o papel de principal protagonista desta autêntica tragédia humana em que se tornou o conflito que Putin decidiu incendiar, por razões que desconfio que venhamos alguma vez a perceber.
O presidente Zelensky desafiou ontem o Parlamento Europeu a provar que está solidário com a sua luta e o seu sofrimento. Na verdade há que perceber, para o bem e para o mal, que estamos na primeira grande guerra mundial em que os antigos Scuds e outras armas militares convencionais ficam a perder para os dois novos e poderosos argumentos e instrumentos de guerra: a Economia e as redes sociais.
Para o bem, porque se prevê que possam limitar num primeiro momento o número de perdas humanas, para o mal, porque sendo também a continuação da guerra por outros meios (como se diz da política) ainda não sabemos como vai acabar.
Quando a ideia reinante era a de que uma terceira Guerra Mundial seria a nuclear, estamos a assistir a este novo "formato", em que as sanções económicas e as redes sociais estão a provocar baixas de monta e hoje se acredita que são essas as principais formas de ajuda que a Ucrânia pode contar do lado europeu e americano.
Esta é também a primeira grande guerra depois da globalização da economia mundial e aguardamos todos a prova final da teoria de que esse movimento tinha, entre outras vantagens, a suprema garantia de poder evitar ou prevenir um conflito mundial em larga escala.
Para além da bravura da sua liderança e dos exemplos de resistência do seu povo, aquilo que mais poderá ajudar Zelensky é a contaminação da opinião pública russa através das redes sociais que o Kremlin não é capaz de controlar. Somada à revolta que a população russa já começou a sentir pela desorganização do seu modus vivendi dos últimos anos causado pelas sanções económicas sucessivamente aprovadas.
Também em boa verdade não se pode imaginar que outras ajudas militares convencionais a Europa e os EUA podem dar para além do material que também pode animar aqueles que já são "carne para canhão" nos dias que tanto demoram a passar.
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