É frequente ouvirmos dizer que em Portugal há falta de sentido de compromisso. Ninguém ignora que, em grande medida, ela existe, mas felizmente há honrosas exceções.
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Uma delas aconteceu recentemente, com o anúncio da parceria entre a Fundação EDP e a Fundação de Serralves para que esta última assegure a gestão e a programação do Campus Cultural da EDP, em Lisboa, no qual se incluem a Central Tejo/Museu da Eletricidade e o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia - MAAT.
Este projeto em comum é uma lufada de ar fresco numa sociedade frequentemente indutora de rivalidades e tribalismos, mas que raramente constrói parcerias de longo alcance e capazes de criar escala e dimensão internacional a partir do nosso país. Esse bloqueio, que é extremamente prejudicial para um território pequeno como o nosso, verifica-se nos mais diversos domínios sociais, da economia à política; da cultura à educação.
É, por isso, refrescante ver as duas fundações rejeitarem os sectarismos habituais, alargarem horizontes e darem um passo em frente para valorizar os seus projetos de cultura e inovação social. A Fundação EDP fá-lo, associando-se àquela que é hoje a grande referência nacional em matéria de arte contemporânea e programação artística - Serralves. Enquanto presidente da Associação Comercial do Porto, membro do Conselho de Fundadores de Serralves, não podia sentir-me mais representado nesta decisão, porque demonstra, ao mesmo tempo, visão estratégica e ambição por parte das duas entidades parceiras. Por outro lado, é mais um reconhecimento da qualidade e excelência do trabalho que é realizado por Serralves e a sua Administração, presidida por Ana Pinho, transportando a sua identidade e marca distintiva a outros mercados.
Fica o excelente exemplo para o resto país: duas entidades de referência da nossa sociedade civil podem - e devem - trabalhar em conjunto, quando os propósitos são comuns e as armas que dispõem são complementares. É a proverbial expressão de que a totalidade ultrapassa a soma das partes. Para sermos melhores, também temos de começar a pensar de forma diferente.
*Empresário e pres. Ass. Comercial do Porto