É possível que Joe Biden vença - seria um acontecimento que quase redimiria este maldito 2020 -, mas já ninguém resolve o Mal plantado no Mundo por quatro anos de Donald Trump na Casa Branca.
Corpo do artigo
E vai medrar esse peso, vai continuar a infiltrar-se nas consciências individuais e discursos coletivos, a corroer as certezas que julgámos conquistas seguras: a ciência, a confiança nas instituições, a segurança da derrota do racismo e do ódio como instrumento político.
Trump foi o homem perfeito para este circo, o palhaço rico que se ri dos pobres, o mestre de uma cerimónia de fecho que abriu a porta à vida pública como uma perpétua infantilização. As redes sociais são o maior recreio de sempre, Trump o bully que abusa de todos, os seus seguidores os meninos que acreditam em tudo.
Nada disto vai mudar, nem que Trump seja derrotado pelo voto ou pela força. Não há muito que esteja como dantes, poucas coisas irão recuperar-se. Na América e no mundo civilizado, o civismo desfaz-se ao ritmo do Twitter e da rispidez do Facebook. A vida em comum é áspera e território para os violentos conquistarem. A comunidade tem medo e está vulnerável. A História ainda não acabou.
*Jornalista