O novo modelo de eleição do reitor, proposto pelo Governo, dá um passo em direção à democratização ao introduzir o voto direto por parte da comunidade académica alargada.
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No entanto, apesar de abrir espaço à participação, ao manter a pré-seleção de apenas dois candidatos, feita exclusivamente pelo Conselho Geral, perpetua-se o controlo centralizado deste órgão sobre o processo. Em vez de fomentar a pluralidade de candidaturas, restringe-se a escolha ao que o Conselho Geral considera aceitável, o que compromete a diversidade e limita a liberdade de escolha.
Dentro desta lógica de funil, o Conselho Geral continua a ser o verdadeiro árbitro da eleição, ao decidir quem pode ou não ser votado. Assim, a solução híbrida cria um simulacro de abertura democrática, com limites pré-definidos e condicionados. A eleição direta perde força quando o ponto de partida já é moldado por um filtro restritivo.
Além disso, a influência do Conselho Geral na eleição do reitor permanecerá inalterada, e as pessoas da sociedade civil continuarão a ser escolhidas com base na previsibilidade do seu voto, o que compromete ainda mais a imparcialidade do processo.
No plano da representatividade, a proposta prevê um mínimo de 10% para cada corpo — docentes, estudantes, pessoal não docente e antigos estudantes — no colégio eleitoral. Porém, esta tentativa de equilíbrio torna-se ineficaz se não vier acompanhada com um teto máximo. Sem essa salvaguarda, o peso estudantil pode manter-se no limite inferior, como já acontece em muitas instituições, enquanto o corpo docente pode atingir os 70% da representação, o que limita a representatividade e autonomia.
Embora a proposta seja melhor do que a que vigora atualmente, continua muito aquém do que se espera de um processo democrático. Democratizar implica candidaturas livres, pesos equilibrados e um compromisso com a pluralidade, sem medo da Democracia.