A bipolarização, solução que não inclui apenas os partidos do costume, dá ao CDS um poder moderador num conjunto mais ou menos amplo de matérias.
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Nesta ocasião de eleições legislativas iminentes, o posicionamento dos diferentes partidos perante os eleitores não é indiferente. Independentemente da oportunidade desta crise política, o que os portugueses pedem é verdade nas propostas, no posicionamento político e nas perspectivas futuras. Estamos mesmo perante a hora de toda a verdade. Os diversos candidatos não podem fugir à mesma, sob pena de as consequências futuras serem imprevisíveis.
Agora, em primeiro lugar, impõe-se responder às seguintes questões. É importante que exista uma maioria absoluta? A minha resposta é afirmativa. Deve ser composta por um só partido? A minha resposta é negativa. Não confundo bipartidarismo com bipolarização. O primeiro, baseado numa disputa entre PS e PSD, resulta numa situação de distinção entre parecidos sem que apareça clarificação. A posição relativa às grandes obras públicas, à política fiscal ou à opção social apenas varia na imagem. Recuso este caminho.
Já a bipolarização, que nos partidos do arco do governo redunda numa distinção entre socialistas, PS; e não socialistas; PSD e CDS, é clarificadora. A bipolarização, solução que não inclui apenas os partidos do costume, dá ao CDS um poder moderador num conjunto mais ou menos amplo de matérias que deve ser crescente.
É por isso que o caderno de encargos deve ser claro. Para que não se avance com o TGV; para que nas escolas se possa ser exigente a Português, Matemática, Inglês e História; para que as políticas sociais sejam efectivas; para que não se abuse do contribuinte e se equilibre a sua relação com o Estado; para que os institutos públicos a mais e os governos civis desapareçam efectivamente. É, precisamente, em relação a estas questões que entendo que devem existir dois pólos claros, em substituição de dois partidos baralhados. É assim por toda a Europa. Não há qualquer razão para que o mesmo não se passe em Portugal.