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Começou a campanha eleitoral efetiva, com o arranque dos debates televisivos entre os líderes dos partidos políticos, envolvendo também candidatos a deputados que se apresentam como cabeça de lista nos distritos de maior dimensão.
O que se pode esperar de uma campanha eleitoral, em 2025? Tudo começou como se fosse apenas mais uma campanha, onde se vão debater soluções alternativas para a resolução dos problemas das pessoas, as condições de vida familiar e de trabalho, como o acesso à saúde, à educação, ao Ensino Superior, ao emprego, à habitação, aos bens culturais, mas também à qualidade dos serviços prestados, à proteção no desemprego e na reforma. Estes são os temas que habitualmente preenchem as campanhas eleitorais.
Há temas que estão praticamente ausentes dos debates públicos, mas que deviam merecer mais atenção. A ciência e a justiça são, em planos distintos, decisivos para o futuro do país. Os investimentos em ciência são essenciais para o desenvolvimento do país. E do funcionamento da justiça depende a qualidade da democracia e do Estado de direito.
Porém, no ano de 2025 exige-se que se abordem outros temas que, apesar de importantes, ficam habitualmente fora das campanhas eleitorais. Hoje, mais do que nunca, a política externa e europeia, bem como as questões da defesa, não pode deixar de ser discutida na campanha eleitoral. Hoje, mais do que nunca, o nosso futuro depende do que se passar na Europa e nos EUA. A guerra na Ucrânia e a política económica de Trump requerem respostas globais. Todos os países da Europa vão ser apanhados no turbilhão que se anuncia, mesmo aqueles que, como Portugal, têm uma posição mais periférica, na Europa, e com menos poder. Por exemplo, saber se vamos gastar muito mais recursos financeiros em defesa ou se caminharemos para uma federalização europeia da política de defesa, tornando mais eficientes e eficazes os recursos atualmente despendidos por cada país. Ou saber se uma eventual federalização se faz pela “calada” e com uma legitimidade democrática enfraquecida, ou resulta de debates e de decisões sufragadas no debate público e no Parlamento. A visão que os diferentes partidos políticos têm destes temas importa na campanha eleitoral que agora começou, porque as decisões que sobre eles forem tomadas terão um impacto decisivo nas nossas vidas futuras.
Confesso, no entanto, que temo que estas preocupações não sejam devidamente abordadas e que continuemos a pensar o país como uma paróquia. Pelo menos no espaço público, sendo depois confrontados com novas variantes do conhecido, de má memória, “não havia alternativa”.