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1Estamos naquela época do ano em que, de duas uma: ou se faziam balanços do ano que terminava, ou se formulavam desejos para o ano que estava à porta. O uso do pretérito imperfeito em vez do presente do indicativo é propositado. Porque a tradição já não é o que era. Este ano, entre a preparação das filhós da consoada e a seleção das passas para a passagem de ano, deram-se uns quantos sobressaltos informativos. A saber, que há mais dois bancos que é preciso salvar. O Banif, uma prenda que o Governo PSD/CDS nos deixou ficar no sapatinho, no valor de três mil milhões de euros, para o caso de pensarmos em voltar a viver acima das nossas possibilidades. E o Novo Banco, com um encargo de dois mil milhões de euros. Neste caso, é uma espécie de dois em um. Primeiro foi preciso resgatar o BES, injetando 4,9 mil milhões de euros (saídos desse buraco sem fundo que são os cofres públicos), separando o "banco mau" do "banco bom", que tomou o nome de Novo Banco. O problema ficou resolvido, como nos garantiu o Governo PSD/CDS? Nada disso. Era tão grande a quantidade de lixo escondida debaixo do tapete que agora é preciso salvar também o "banco bom", que não é assim tão bom, alijando carga (dívida) no valor de dois mil milhões de euros, para o "banco mau". Do mal, o menos, desta vez são os famigerados mercados (os investidores internacionais) a pagar o prejuízo. A ver vamos quando e como é que nos enviam a fatura.
2Esta semana foram conhecidos os valores que os candidatos à Presidência da República vão gastar na campanha. Verbas modestas, se comparadas com eleições anteriores. Para só falar dos candidatos mais cotados, Edgar Silva prevê gastar 750 mil euros; António Sampaio da Nóvoa, 742 mil; Maria de Belém, 650 mil; Marisa Matias, 454 mil; Henrique Neto, 275 mil; e, finalmente, Marcelo Rebelo de Sousa 135 mil euros. O modesto professor não perdeu tempo: "é um escândalo" que os outros concorrentes andem a desbaratar tanto dinheiro "quando as pessoas estão com as dificuldades no dia a dia". Parece bom senso, mas não é. É populismo descarado de quem beneficiou e beneficia de um acompanhamento mediático (sobretudo televisivo) muito superior ao dos adversários, incluindo aquele lamentável comício de despedida na TVI. Só falta a Marcelo dizer que o melhor é não haver campanha. A maioria do auditório é bem capaz de concordar que é uma perda de tempo. Afinal, como disse o próprio em entrevista, com indisfarçável arrogância, dentro de poucas semanas será ele o inquilino de Belém. Isso da ida às urnas para depositar o voto é um mero formalismo. Mais ou menos como na Bielorrússia.
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