A Convenção Nacional da Saúde (CNS) é um fórum de discussão de ideias para a Saúde e agrega mais de 150 instituições.
Corpo do artigo
Prestadores de cuidados de saúde dos setores público, privado e social, ordens profissionais, associações de doentes, sociedades científicas, associações profissionais, associações empresariais, entre outros, juntaram-se com o único propósito de discutir os problemas do sistema de saúde em Portugal e procurar consensos que permitam apresentar propostas de melhoria e progresso para os cuidados de saúde dos portugueses.
Como são muitas e muito diferentes, é fácil perceber que são também muitas as circunstâncias e interesses que separam estas organizações. Por isso, desde logo quero aqui enaltecer o sentido de responsabilidade que demonstraram por serem capazes de deixar as suas disparidades e os seus legítimos anseios para outras ocasiões, disponibilizando-se para se focarem numa procura sincera e empenhada naquilo que a todos possa unir e dar assim um contributo útil aos portugueses.
Em reunião pública no passado dia 9 de novembro, na sede nacional da Ordem dos Médicos, a CNS, concretizando o seu desígnio, apresentou o RADIS - Relatório de Avaliação de Desempenho e Impacto do Sistema de Saúde. Neste evento, foi evidenciado o grande potencial deste mecanismo de avaliação enquanto instrumento para identificação de pontos de melhoria da performance da prestação de cuidados de saúde.
Na sequência do processamento de mais de 130 indicadores, e numa primeira abordagem, os primeiros resultados trazem boas e menos boas notícias.
A título de exemplo: Portugal tem vindo a melhorar significativamente a eficiência dos serviços hospitalares, apresentando, entre os países da Europa, uma das mais baixas taxas de hospitalizações evitáveis devido a asma, doença pulmonar crónica obstrutiva ou insuficiência cardíaca. A mortalidade infantil é das melhores, e a esperança média de vida aos 65 anos na Europa varia entre 15,1 e 21,2 anos, sendo que Portugal está acima da média europeia. No entanto, é apenas o 8.o país com a menor proporção de anos de vida saudável aos 65 anos, e aqui pode ser feito um esforço para melhorar.
Apesar de ter aumentado o investimento em cuidados preventivos de 2,7% para 3,3% entre 2019 e 2020, o nosso país continua na 23.a posição num universo de 26.
Já sabíamos que o Sistema de Saúde português, quando avaliado por organizações internacionais que comparam com o resto do Mundo, aparece sempre no grupo dos que estão mais bem classificados, mas também sabemos que os problemas por resolver são tantos e tão complexos, que não podemos sequer pensar em ficar descansados à sombra destes aparentemente bons resultados.
Médico