Nunca gostei de encadernar livros. No tempo dos dinossauros, quando era com papel de embrulho, rasgava tudo.
Corpo do artigo
E gastava tanta fita cola que daria para revestir a Torre dos Clérigos três vezes. Mais tarde, com papel autocolante - e nessa altura também encadernava os cadernos A4 com magníficas imagens e mensagens de fúria juvenil - o trabalho ficava cheio de papos e de bolsas de ar. Nem as inúmeras tentativas de alisar aquilo com uma régua deixavam o serviço perfeito.
Por isso, é fácil de imaginar o meu terror quando fui comprar uma prenda natalícia e me disseram que teria de ser eu próprio a embrulhar o artigo, de dimensões ainda consideráveis. O funcionário disse "infelizmente" para se desculpar da falta de pessoal para o serviço. Mas terá lamentado muito mais ao ver o estado em que ficou a banca de embrulho depois do meu deplorável trabalho. Que rica embrulhada!
*Jornalista
