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“Uma morte é uma tragédia, um milhão de mortes é uma estatística”. Esta frase atribuída a Estaline ecoa na minha cabeça vezes sem conta no dia a dia de trabalho, em que muitas vezes damos destaque a pequenas tragédias, em detrimento a grandes tragédias. Escrevo este frase e pondero: existe realmente uma escala de tragédia, quando falamos de morte? Penso nisto quando, sem se perceber por que razão, a morte de cinco pessoas no Titan tem mais impacto mediático do que a vala comum em que se transformou o Mediterrâneo. Será racismo? Provavelmente. Será por ser uma realidade tão distante da nossa, que nem sequer conseguimos um mínimo de empatia? Também. Será por serem ricos? Sem dúvida. Será porque em poucas horas já sabíamos a história de vida dos cinco tripulantes do Titan e não sabemos nada daqueles que se amontoam em barcaças periclitantes, para fugir de um nível de miséria e violência, que não conhecemos? Certamente. Mais do que para encontrar respostas definitivas ou apontar dedos, deixo-vos estas perguntas para reflexão e para apelar à empatia, a mesma qualidade que nos falta cada vez mais quando encontramos alguém diferente e, em vez de a tentarmos perceber, a desprezamos ou humilhamos.