<p>Apresentado que está publicamente o Governo de José Sócrates, ministros e secretários de Estado preparam-se certamente para uma legislatura extraordinariamente exigente. Desde logo por um motivo. Em Portugal, tal como no resto da Europa, o desemprego aumenta, afectando um número crescente de cidadãos. Para os europeus, nem os primeiros sinais de retoma parecem permitir recuperar a confiança receando-se mesmo - no horizonte a 2010 - que os actuais níveis de desemprego se mantenham ou mesmo acentuem. A verdade é que, perante a crise, a grande maioria das empresas reagiu reduzindo custos, congelando ou limitando os aumentos de salários, adiando novas contratações ou mesmo despedindo. </p>
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De facto, numa Europa onde a Zona Euro registou em Agosto um défice comercial de 4 mil milhões de euros e com a cotação da moeda única a pesar fortemente sobre as economias exportadoras e com um crescimento médio fraquíssimo do PIB - comparando com as taxas de crescimentos dos países emergentes, como por exemplo a China, com um crescimento do PIB em 2009 que deverá ultrapassar os 8,5% - na ordem dos 0,75 % e 1% ao ano, a retoma económica (ainda que para a Zona Euro se estime que o PIB aumente 0,4% no terceiro trimestre, contrariando a anterior evolução negativa) poderá não chegar antes do início de 2011.
E se a economia internacional pode beneficiar de uma forte recuperação asiática - que contrasta com esta atonia europeia e mesmo com a recuperação norte-americana com um crescimento na ordem dos 1,5% - as perspectivas para a retoma económica na Europa apontam ainda muitas fragilidades, em especial no plano social.
De acordo com o Eurostat, para a Zona Euro estima-se que a taxa de desemprego (que atingiu em Agosto último os 9,6%, o seu nível mais elevado de há mais de dez anos) suba acima dos 11,5% no próximo ano. Além do mais, ao problema do desemprego junta-se o da pobreza. Segundo dados do Eurobarómetro, cerca de 16% dos europeus - ou seja, 80 milhões de europeus, sobretudo idosos, desempregados e trabalhadores precários - vivem em situação de marcada carência social, estando este fenómeno a crescer nalguns países, no qual se inclui Portugal. Existindo múltiplas causas explicativas para este facto, importará não ignorar que a crise internacional - que pressiona o actual mercado de trabalho, gerando mais desemprego - associada às existentes situações de precariedade laboral desencadeiam uma forte pressão salarial.
Ora, e considerando que o sucesso das políticas de emprego está muito dependente do êxito das políticas económicas, só uma acção executiva conduzida numa lógica de integração e de convergência de políticas ministeriais (integradas e articuladas entre si) e que seja capaz de implementar medidas que possibilitem a criação de emprego e a protecção do emprego sectorial (em especial na indústria), permitirá com sucesso responder a este desafio.