Corpo do artigo
Quis a vida, e eu com ela, que um dia subiria ao palco para comunicar de uma outra maneira. Há três anos, não imaginava sequer que fosse possível ser protagonista de um espetáculo, mas é mesmo assim, não há limites para a imaginação das estrelas e dos astros que nos transcendem. Ou de Deus e do seu exército de anjos com setas que magoam ou nos salvam. Faltam poucos dias para conhecer um dos mais míticos palcos do Porto. Já estive na Casa da Música com "Ficheiros secretos", mas nunca no Sá da Bandeira - o João Gil, com quem vou fazer este "Que ventos são estes", explicou-me da sua história centenária, do espanhol que em meados do século XIX comprou o espaço para montar um grande circo, um templo para cavalos mágicos. Lá dentro parece que estamos numa grande sala de ópera onde Maria Callas nos enfeitiçará com a sua "Casta diva". Pelo sim, pelo não, espero que não apareça na próxima quinta-feira, prometo não desafinar muito... se o João me deixar cantar uma ou duas canções. É o teatro mais antigo da cidade e uma responsabilidade que dá medo ou respeito. Nestes dias, é misto o sentimento. Medo, às vezes. Respeito, noutras. Quando o vento começar a soprar, com o piano do Miguel Tapadas e a guitarra e a voz do João, quando for o meu momento de entrar, prometerei a todos os santinhos que será a última vez, mas depois é como os partos, dói antes de se esquecer o que custa. Se estou neste jornal extraordinário, tem muito a ver com o modo como o Porto sempre recebe quem vem por bem. Encontramo-nos no dia 27.

