Chegou o momento de refletir sobre o ensino à distância.
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Houve dificuldades. As tecnologias aproximaram, mas a comunicação possui falhas: falar para o grupo requer linguagem e tom certos, pois o tempo e a visibilidade da Internet não são os mesmos da sala de aula. Surgiram alguns vícios novos, que os meios informáticos permitiram: requererão muita atenção. Não cabe aqui destrinça-los. A comunicação digital não garante, ainda, a paridade educativa para todos os alunos. Quanto mais a educação depender dela, mais a diferença se acentuará. O Estado e a escola terão de resolver isso.
A escola mudou. A atenção que presta aos alunos é agora mais intensa, larga, competente: os alunos exigem mais planificação, organização e avaliação no seu acompanhamento. Atua mais a tempo, mais ágil a responder, mais dinâmica no acompanhamento e mais solícita na disponibilização de recursos. Este será, no futuro, o aspeto que definirá a qualidade da escola.
Surgiu um perfil novo de aluno: criativo, mais maduro na autoaprendizagem e autoestudo, com mais iniciativa a superar dificuldades, indagador de soluções, respostas, com maior sensibilidade ao valor das regras. O perfil oposto, residual, agravou-se, e urgirá uma acuidade única. Não poderá ser ignorado.
Os professores compreenderam que os processos didáticos rígidos, intocáveis, não terão futuro. As metodologias versáteis foram as que garantiram o maior êxito dos alunos. Diversificar será regra de ouro. A autoformação e a formação orientada terão de extrair tempo às múltiplas tarefas administrativas em que se enredam. O Estado, por fim, terá de libertar a escola: ela sabe, agora, o que fazer para ser melhor escola, e não pode continuar a ser tolhida por políticas centralistas, estranguladoras do crescimento dela.
Professor de História no Colégio D. Diogo de Sousa, Braga