Ensino profissional, uma opção validada
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Vivemos num tempo de grandes mudanças económicas, sociais e tecnológicas. A forma como trabalhamos, aprendemos e nos relacionamos com o Mundo adapta-se e transforma-se. Neste contexto, a educação e formação profissional (EFP) assume uma dupla relevância, não só como uma resposta válida às necessidades do mercado de trabalho, mas também como via de valorização pessoal e social.
A escolha de um curso profissional ou de formação é uma opção que acomoda saberes escolares com competências práticas, preferências do aluno e o seu projeto de vida.
A escolha da EFP não deve ser encarada como resignação, mas como oportunidade. Ao confiar nos talentos e interesses dos educandos, as famílias estão a ajudá-los a adquirir autonomia, competências e realização. As escolas, por exemplo, necessitam de técnicos de informática, cujo perfil, a meu ver, poderá corresponder ao dos jovens adultos provenientes do ensino profissional.Aconselhar um aluno para uma via profissional é reconhecer que existem múltiplas formas de ser bem-sucedido. As profissões técnicas e especializadas são essenciais para a economia e a sociedade. Quem as exerce com mestria é um profissional respeitado. Portugal precisa de técnicos qualificados. A reindustrialização, a digitalização da economia, a transição energética e os desafios da saúde e do turismo exigem competências práticas de nível elevado.Os docentes desempenham um papel fundamental na orientação vocacional dos discentes, a par dos serviços de psicologia e orientação escolar que lhes apontam a EFP como sendo uma via de mérito e rigor. A decisão é determinada pelos interesses e potencialidades dos alunos, e não apenas pelos seus resultados académicos.O reconhecimento do trabalho docente neste processo, tal como nos demais, impõe dar-lhes acesso a formação contínua, tempo para preparar as componentes práticas e atribuição de componente letiva nos diversos cargos desempenhados. Docentes envolvidos e preparados são fator de prestígio para a escola e modelo para os alunos.
A EFP está implicada na redução do abandono escolar, no combate à exclusão e na promoção da igualdade de oportunidades de sucesso. Mas precisa de mais: (i) infraestruturas modernas e acessíveis (os centros tecnológicos educativos são uma enorme ajuda!), (ii) apoios sociais justos para alunos em situação de vulnerabilidade, e (iii) políticas públicas que dignifiquem a carreira de técnico.A EFP não é apenas um caminho alternativo. É um caminho essencial. E é tempo de lhe dar o lugar que merece.