<p>Numa altura de crise financeira e económica, em que o desemprego e o nível da dívida aumentam e as pessoas sofrem uma realidade dura, seria possível um crescimento de uma Esquerda de protesto e confronto com o sistema capitalista de mercado. A observação da realidade portuguesa não demonstra isso. Bem pelo contrário. Os adeptos das teorias do PCP e do BE não podem vibrar com a aparente vitória das suas teorias catastrofistas.</p>
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O aproveitar do sofrimento alheio, o apelo à inveja e a defesa da tão gasta quanto falsa luta de classes, como modo de alcançar um sistema perfeito que substitua o capitalismo, o mercado e as empresas, não consegue adaptar-se aos dias de hoje e à… crise. As pessoas querem é ver a economia a crescer com base em mais competitividade, e as empresas com vida mais simplificada quanto a licenciamentos e pagamentos de impostos, e os serviços de educação e a saúde escolhidos em liberdade pelas famílias.
Tudo isto não é objectivo de uma certa Esquerda, como é demonstrado pela frase "Há mais vida para além da economia" proferida pelo candidato presidencial representativo dessa ideologia, Manuel Alegre. Mas que misteriosa vida será essa defendida pela Esquerda dos trovadores e dos amanhãs que cantam? Não se percebe. Será contra a criação de riqueza? Quererá resolver os problemas da carteira dos portugueses esquecendo a economia? Qual o sistema económico que defende? Que estabilidade financeira consideram?
A dificuldade de responder a estas questões demonstra que a utopia está num beco sem saída e que esse é o problema da Esquerda. À Esquerda, a solução maioritária ou é uma fantasia ou um caminho de terror. E isso é cada vez mais entendido por quem ainda vota nesse quadrante político em que falta um projecto e uma ideia global para o país para além do mero controlo do momento. O PS vive virado contra uma parede, não tem fôlego e perde-se na ideia de tudo dominar. Por isso mesmo é necessário um novo projecto para se iniciar uma outra vida.