Entre a "Disneylândia" ferroviária e as soluções reais de mobilidade
Aproximando-se as eleições autárquicas, há quem decida fazer da campanha eleitoral um exercício de fantasia, prometendo um "metro de superfície" em Guimarães e falando da ligação ferroviária de Guimarães a Braga, como se de repente tivessem descoberto o Santo Graal da mobilidade. Só que há um problema: tudo isto não passa de ilusão eleitoral.
Corpo do artigo
Comecemos pelas responsabilidades. No Governo e na autarquia houve, ao longo da última década, responsáveis por "enterrar" qualquer possibilidade de ligação ferroviária entre Guimarães e Braga. A perda do Alfa Pendular em Guimarães e o afastamento de Guimarães da futura estação de alta velocidade - que apesar de ficar no concelho de Braga deveria estar localizada dentro do triângulo territorial de Braga, Guimarães e Famalicão, como sempre defendemos - teve responsáveis. Ao ficar localizada a noroeste da cidade de Braga, Guimarães foi relegada para uma posição mais periférica. Ao longo da última década, assistimos às hesitações e ziguezagues constantes de alguns, divididos entre defender o teleférico para as Taipas, o tramway ou a teimosia da via do Aveparque, deixando o nosso concelho fora da rede moderna de mobilidade. Essa responsabilidade tem um nome: Partido Socialista. Agora, o mesmo partido aparece, pela voz do candidato local, a chorar pelo leite derramado e a vender ilusões. É preciso descaramento e lata.
Relativamente ao metro de superfície, importa dizer que os especialistas (insuspeitos politicamente), contratados pela Município de Guimarães, classificaram como técnica e financeiramente inviável, como mau para Guimarães. É uma solução com um nível de investimento 3 a 4 vezes superior ao metrobus, mais caro na manutenção, mais demorado na implementação e tecnicamente bem mais complicado. Importa ainda recordar que a opção pelo metrobus foi consensualizada nos últimos anos entre Guimarães, Braga e o Governo. Foi assim que se celebrou um protocolo que permitiu a Guimarães investir 1 milhão de euros em estudos técnicos, já realizados, para o traçado do metrobus de ligação de Guimarães a Braga, com estações e paragens ao longo do trajeto, de forma a servir a mobilidade intraconcelhia.
É assim que a ilusão de alguns cai por terra. Enquanto uns prometem uma Disneylândia ferroviária que nunca sairá do papel, nós assumimos o compromisso com uma solução realista, estudada e viável: o Metrobus (BRT). Um sistema moderno de autocarros de alta capacidade, a circular em canais próprios e exclusivos, com custos muito mais baixos, com a segurança, comodidade, fiabilidade e com a flexibilidade que a cidade e o concelho precisam.
O metrobus pode ligar rapidamente o centro de Guimarães a Fermentões, Ponte e Taipas, mas também a Braga e à futura alta velocidade, e futuramente a Silvares, Brito, Ronfe, Moreira de Cónegos, Lordelo e S. Torcato. Cria uma rede de mobilidade eficaz, rápida, prática, sustentável, interligada com os transportes futuros e capaz de responder de imediato às necessidades diárias de milhares de vimaranenses. Em 2025 Coimbra já tem em circulação o seu metrobus, em 2026 a cidade de Braga vai inaugurar a primeira linha de metrobus. E Guimarães? Não podemos continuar a ficar para trás.
Mas a revolução na mobilidade que Guimarães e a região precisam não pode ficar só pelo metrobus. É urgente a requalificação das estradas nacionais que ligam a cidade, as suas principais vilas e concelhos vizinhos. É fundamental implementar uma rede de transportes públicos rodoviários gratuita, com maior cobertura e mais horários (incluindo noturno e fins de semana).
Há quem prefira insistir no seu delírio megalómano, mas os factos são claros: o "metro de superfície" é um poço sem fundo que adiará soluções por décadas. As soluções que defendemos são a resposta concreta, real, acessível e eficaz que a cidade e o concelho precisam, já.
No fim, a escolha é evidente: ou continuamos a alimentar ilusões megalómanas, caras e inúteis, ou optamos por soluções sérias que realmente servem as pessoas, as suas necessidades e que podem ser implementadas no curto prazo. Guimarães não precisa de bilhetes para Marte. Precisa de soluções de mobilidade realistas, sustentáveis e inteligentes para melhorar a vida dos vimaranenses.