É evidente que um curso de formação de militares da GNR, principalmente se são destinados para forças de choque, a sua preparação tem de ser dura, difícil, árdua e intensamente mental.
Não pode ser sangue, suor e lágrimas, apenas suor e lágrimas, porque o que aqui está em questão é onde começa a formação e onde se limita a violência sobre os recrutas. Quem forma estes homens não pode ser meiguinho, tem de os colocar em situações que, mais tarde, no exercício das suas funções, possam reagir em conformidade e consentânea com as situações. O chamado curso de bastão extensível, utilizado na formação de forças policiais em todo o Mundo, é mesmo necessário para a preparação de qualquer agente ou militar. Até aqui estamos todos de acordo. Não está fácil para quem tem carreira nas forças da ordem saber adaptar-se a atitudes politicamente corretas ou, como alguém diz, a uma sociedade cada vez mais "fofinha". O que se passou em Portalegre no Centro de Formação da GNR pode ser considerado excesso de zelo dos formadores do 40.ºcurso. Homens armados com luvas de boxe, chumaços, caneleiras e capacete protetor terão exagerado no ataque a recrutas com calças e t-shirt e com um bastão de borracha. Os resultados estão à vista: formandos perderam os sentidos, com fraturas e com lesões oculares. Não é normal irem parar ao hospital em tão grande número para intervenções cirúrgicas. Alguns tiveram de ser transferidos para o Hospital São José, em Lisboa, ficando em risco de não concluir o curso e assim não poderem exercer a profissão de guarda. E o mais grave é que, no passado, em cursos anteriores, não houve qualquer registo destas situações. Uma evidência suficiente para o Governo saber exatamente o que se passou. Os desordeiros que os recrutas irão enfrentar no futuro não vão atirar algodão-doce, mas pedras da calçada, barras de ferro e "cocktails molotov". Mas nada justifica o excesso.
Editor-executivo
