O cogumelo do tempo não chega, os debates sobre o envelhecimento da pele não chegam, as crónicas cor-de-rosa não chegam, as tertúlias criminais não chegam.
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A nova moda nos programas matinais de televisão é fazer a apologia do fascismo. É invocar a memória bafienta de Salazar para um inquérito inflamado nas redes sociais, é convidar para estúdio um partidário da ideologia nazi e sentá-lo na mesma cadeira por onde passam cartomantes e digital influencers que também figuram nas novelas.
Será assim que se exprime a ditadura das audiências? Um programa de entretenimento devia entreter, não estupidificar. Pelo menos não mais do que já está na natureza de alguns. Ao ter dado palco a Mário Machado (duas vezes no mesmo dia, em canais diferentes), a TVI pensou apenas na quantidade dos telespectadores, não na qualidade dos telespectadores.
Quis criar "buzz". Conseguiu-o. O problema foi ter tido lucro à custa da democracia. Não, Mário Machado não pensa apenas de maneira diferente. Mário Machado fundou um partido nazi e foi condenado, entre outros, por crimes de ódio racial. O entretenimento não pode dar palco ao fascismo. Porque, no essencial, tem as mesmas obrigações perante a Constituição.
Jornalista