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Agora é tempo de voltar à atividade plena, com a “carga toda”, para ajudar Portugal a ser mais e melhor, investindo muito mais nos portugueses.
Esta é a frase recomposta do último parágrafo do meu artigo de julho, dando continuidade à narrativa e à missão urgente de cuidar bem de Portugal.
Os sinais do tempo estival que estamos a acabar de viver tiveram centralidade em problemas que se tornaram tradições incuráveis, destacando-se duas delas.
Os incêndios, de que Portugal é recordista mundial, sempre combatidos pelos valorosos bombeiros e nunca prevenidos com investimento estrutural na floresta, que aumente a sua resiliência e o seu valor ambiental e económico, replicando pelo país os excelentes exemplos que existem e terminando, por exemplo, com a absurda importação de madeira para a nossa indústria de pasta de papel e papel.
A carência no abastecimento de água a populações e à agricultura, necessitando em ambos os casos, de investimentos estruturais e com escalas diferenciadas, para capacitar o território para o armazenamento de água, com mais barragens e represas de diferente dimensão, implementando novas soluções já testadas em todo o Mundo, como a construção de dessalinizadoras de água do mar, nomeadamente nas zonas mais a sul do país.
Os sinais mais políticos do tempo estival que estamos a acabar de viver tiveram promulgações e vetos presidenciais, surpreendentes e óbvios, não por serem anunciados na praia, na Polónia ou no site da Presidência, mas pelos atos políticos que vão continuar a alimentar tensões entre o presidente da República e o Governo.
À segunda, foi promulgado o decreto-lei da recuperação da contagem de tempo de serviço dos professores, com a nota anormal de não se ter percebido bem, e muito menos de forma clara, a substância das alterações que levaram o presidente Marcelo a dar o seu sim.
Parte do pacote Mais Habitação foi vetado pelo presidente, num ato político de mensagem clara e facilmente percebido por todos - discordância política e falta de crença nos seus bons resultados -, sendo que, como autarca que sou, tenho de lamentar o facto de o presidente não ter vetado também o diploma da agilização administrativa, que vai ser muito negativo para a gestão dos processos de licenciamento e de fiscalização, entre outros aspetos. E como a situação na habitação é de emergência e a maioria já não tem capacidade de diálogo nem tempo para esperar a lenta produção legislativa, os diplomas vão ser confirmados pela maioria socialista e vão ser leis do país.
E vai continuar o tal importante Conselho de Estado, no dia 5 de setembro, esperando-se que desta vez acabe e com bons conselhos aos gestores do Estado, no sentido do bom aproveitamento dos recursos e do tempo que temos a oportunidade de ter em mãos, sempre para bem servir Portugal e os portugueses.
*Presidente da Câmara de Aveiro