Há 800 anos, Santo António de Lisboa encontrou-se pela primeira vez com S. Francisco. Aconteceu em Assis, na primavera de 1221, naquela que seria a sua primeira participação no Capítulo dos franciscanos e a última de S. Francisco. Um encontro que o marcou profundamente e mudou a sua vida.
Corpo do artigo
Até esse encontro a sua vida foi-se desenhando nem sempre de acordo com os seus projetos. Diversas vezes se enganou e tomou caminhos que não tinha sonhado.
Ainda adolescente, no início do século XIII, Fernando ingressou nos Cónegos Regrantes em Coimbra. Aí recebeu uma formação superior. Tocado pela alegria e ardor missionário dos frades franciscanos, aderiu ao estilo de vida do "Poverello" de Assis e mudou o nome para António. Convenceu-se que era chamado a converter mouros e partiu para o Norte de África, disponível para dar a vida como os franciscanos cujos restos mortais viu Coimbra acolher em 1217 como mártires da fé. Mas não seria esse o seu destino: obrigado a regressar a Portugal por doença, acaba por naufragar e ir parar à Sicília. No referido Capítulo é enviado para Montepaolo, no Norte de Itália.
Foi um frade discreto até que, falhando o pregador para umas ordenações numa localidade próxima, Forlì, o superior pediu a António para fazer o sermão. Nessa altura, os seus confrades descobriram a sua formação erudita e os seus dotes oratórios. Foi, então, incumbido da formação cultural e religiosa dos franciscanos e passou a ensinar teologia nas universidades de Bolonha, Toulouse, Montpellier e Limoges.
A Igreja proclamou-o como Doutor da Igreja em reconhecimento da sua erudição. É o único português entre os poucos santos com essa distinção.
Nos últimos anos de vida, quando se estabeleceu em Pádua para se dedicar à pregação e à contemplação, não deixou de ser sensível às questões sociais de então. Pugnou pela elaboração de leis que impedissem a prisão por dívidas, condenou a usura e a avareza, defendeu os pobres.
Equivocou-se algumas vezes. Mas, pela sua fidelidade ao Evangelho e pela sabedoria com que defendeu o ideal franciscano foi, e continua a ser, um dos grandes santos da Igreja.
*Padre