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No início de setembro, arrisquei fazer uma previsão sobre o que nos esperava nos meses seguintes. Talvez chamar-lhe risco seja demasiado - era fácil acertar.
Escrevi aqui, entre outras manifestações de modesta presciência: "o Governo terá de exibir quanto músculo ainda sobra ao Estado para aguentar o desemprego e as falências, que fatalmente vão crescer; a discussão do Orçamento deixará a política nacional em pedaços, que a extrema-direita vai guardar para montar depois; (...) as eleições americanas não serão eleições, antes uma guerra brutal e não sei se Trump sai da Casa Branca, mesmo derrotado". Nada que não fosse previsível, embora ainda menos do que isto: "A covid-19 regressará para acrescentar confusão ao caos e mudar diariamente prioridades, até que a prioridade volte a ser a pandemia. Não teria de ser assim, mas é assim que será".
E assim foi. Sem planeamento organizado, sem medidas já decididas e pré-anunciadas para conhecimento de todos, aconteceram as reuniões de ministros até de madrugada e as conferências de Imprensa desengonçadas. O problema não é a comunicação, como Costa afirmou. É mesmo a mensagem, que não tem estrutura e não dá segurança alguma.
*Jornalista