Em 1972, o Mundo foi surpreendido pelo rei do Butão que declarou mais importante a Felicidade Interna Bruta (FIB) do que o Produto Interno Bruto (PIB) e criou o primeiro Ministério da Felicidade. Aquilo que parecia uma bizarria tem vindo a ser objeto de investigação estando determinados os indicadores que medem o bem-estar dos povos.
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Em 2011, as Nações Unidas adotaram por unanimidade uma resolução apresentada pelo Butão que apelava a uma visão holística do desenvolvimento mais centrado na promoção da felicidade e do bem-estar. No ano seguinte, realizou-se um grande encontro mundial sobre um novo paradigma da economia baseado na sustentabilidade e no bem-estar. A Agenda das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, aprovada em 2015 e com metas até 2030, representa uma resposta mundial a esse desafio. Em 2019, seria quase impossível a sua aprovação, mas a maioria dos países continua a pautar a sua ação por essa agenda inovadora, que deixou de pensar o desenvolvimento como esforço de uma parte do planeta e o compreende como meta para todos se queremos manter o lugar onde vivemos.
Portugal acolheu esta semana o Fórum Mundial do H20 (Happiness20), assim designado como contraponto ao G20 que reúne o grupo de 20 países com maior PIB. No encontro de Lisboa, estiveram 16 ministros da Economia e Finanças, e foi particularmente relevante a intervenção da ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla, que explicou como tem sido possível transformar um pequeno país da América Central, que optou por prescindir das forças armadas para investir em educação, usa energia limpa e tem uma esperança média de vida superior à Dinamarca e aos EUA.
A ideia de felicidade ligada à governação perde-se no tempo, bastando regressar à "República" de Platão, o célebre diálogo em que propõe uma cidade ideal movida pela justiça. Não será por acaso que o H20 convidou Charles Landry, o guru do futuro das cidades, que no seu discurso disruptivo refletiu sobre o poder de atratividade das cidades que deixaram de ser espaços para configurar modos de vida contraditórios. Indicou tendências, como a partilha de carros, bicicletas, casas, livros, que decorre do modo como os mais novos se movem entre lugares.
O Mundo está em acelerada mudança e as políticas públicas podem escolher valorizar a acumulação de riqueza ou o investimento no bem comum e na partilha. Como o slogan do H20, eu escolho a felicidade.
