1. Vi hoje uma notícia onde se dava conta que 90% das empresas estariam de volta ao trabalho. Ficam a sobrar cerca de 130 000 empresas.
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Seguramente micro e seguramente sem mercado. Ou seja, se é possível produzir sapatos, menos do que o habitual, servir refeições, menos do que o habitual, vender livros, menos do que o habitual, continua a não ser possível organizar roteiros pela cidade, vender quartos a turistas, passeá-los em tuk-tuk, promover eventos, coleções ou outras tantas coisas que impliquem a preexistência ou a coexistência de mais do que duas pessoas...
Seria, portanto, natural identificar as necessidades e priorizar o apoio àqueles microssetores que continuam presos apesar da liberdade anunciada. Não somos capazes de o fazer e os microempresários destes nichos de mercado são deixados à sua sorte depois de, com criatividade e risco, terem ajudado o país a sair da sua última grande crise.
2. O general Ramalho Eanes veio a público mais uma vez defender o apoio continuado e decisivo aos nossos profissionais de saúde. Tem, como sempre, toda a razão. Mas, infelizmente, o mais natural será que o país se esvaia em palmas e os nossos médicos e enfermeiros continuem a ter de improvisar e de se superarem com enorme sacrifício a cada nova crise. Se não fosse assim, já devíamos estar a ouvir o nosso Governo a anunciar a escolha por um plano de recuperação e investimento no SNS e seus profissionais, fazendo desse compromisso o principal objetivo desta legislatura.
3. Ao contrário, onde a escolha é imperativa, reina a mais estranha das unanimidades. É ver quem mais corre para declarar apoio a Marcelo Rebelo de Sousa, potencial candidato a um segundo mandato. Nem se disfarça. António Costa resolveu peitar o professor na visita à Autoeuropa que, mascarado, só conseguiu rebolar os olhos. Ficaram sem hipótese os potenciais candidatos da sua área ideológica e atrasados os apoiantes naturais da área política de Marcelo (se é que a tem...). E sem escolha os portugueses que gostassem de poder avaliar alternativas que não fosse André Ventura ou o já sénior Tino de Rans.
*Analista financeira