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Admito que a maioria dos portugueses tente seriamente chegar a uma conclusão sobre a escolha do seu candidato presidencial. Até porque nos ensinam que o regime em Portugal é semipresidencialista, o que parece reservar ao PR um papel importante.
Acontece que, ao ouvirmos, vermos e analisarmos o que os candidatos dizem, ficamos na mesma. Ou seja, não conseguimos escolher e, o que é pior, não percebemos a que vão nem para que servem.
Foi o que me aconteceu quando ouvi as entrevistas de Maria de Belém Roseira e de Marcelo Rebelo de Sousa. Suspeito que quando ouvir a de Sampaio da Nóvoa me acontecerá o mesmo.
Maria de Belém explicou, pausada e convictamente por que é que é muito melhor do que Sampaio da Nóvoa e por que é, pelo menos, melhor do que Marcelo.
Acima de Nóvoa tem a experiência diversificada e política e as contas mais bem saldadas com o Partido Socialista. Acima de Marcelo tem sobretudo a pouca inclinação para a brincadeira e para a agitação permanente. Admite, no entanto, que talvez por isso mesmo tenha de estar muito atenta ao que considera o seu real adversário.
Por seu lado, Marcelo Rebelo de Sousa explica que foi um grande líder do PSD, um grande autarca e um garante da presidência portuguesa da CE ao inscrever o PSD no Partido Popular Europeu. Confirma a hiperatividade e diz que não vai gastar dinheiro em cartazes. Jerónimo de Sousa respondeu à letra dizendo "Obrigadinho! Com as calças do meu pai, também sou um homem!". Marcelo arrolou ainda umas ideias gerais sobre amizades e dependências mas esqueceu-se que a linha divisória entre ambas não é apenas o dinheiro.
Ou seja, tudo como dantes em Abrantes. Ninguém percebe ao que vão e a que se propõem. E, provavelmente, isto acontece porque ninguém sabe já para que serve um presidente da República em Portugal.
Talvez fosse altura de exigirmos coletivamente um debate sério sobre o regime e talvez devesse ser esse, afinal, o motto para uma verdadeira revisão constitucional.
Até lá, e apenas porque não prestei atenção, quem financia os candidatos? Desta vez há muitos sem partidos e sem proventos ... que se saiba.
Em tempo: Por lapso referi na última crónica que o concurso "A palavra do ano" é realizado pela Bertrand. Não é. É organizado pela Porto Editora. As minhas desculpas a ambas as empresas.