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De Espanha, nem muita acalmia nem nada que se assemelhe a uma guerra. Paz, mesmo que podre, só mesmo do lado português. O Parlamento catalão reúne-se amanhã para investir o novo governo regional. O socialista Salvador Illa é o candidato. Até aqui, nada de anormal. A correr bem, será o fim de 14 anos consecutivos de executivos independentistas na Catalunha, durante os quais a região passou por um processo de tentativa de autodeterminação que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017. O problema recua àquele ano e regressa agora com contornos preocupantes. O ex-presidente catalão Carles Puigdemont, exilado em Bruxelas, garante que estará fisicamente presente e, portanto, será detido, sob a acusação de crime de desvio agravado de fundos públicos.
A reação de Puigdemont deve-se ao facto de a Esquerda Republicana da Catalunha (em catalão: Esquerra Republicana de Catalunya, ERC) ter votado, com 53,5% de apoio, no socialista Salvador Illa para presidente. Seria “um Governo de caráter espanholista”, “alérgico à normalização total da língua catalã e que não terá qualquer capacidade real de negociação com o Executivo espanhol para resolver um conflito histórico”, acusa Puigdemont.
“O presidente do Parlamento, Josep Rull, propõe uma votação em plenário no socialista amanhã às 10 horas. O Junts exigirá a sua suspensão se Carles Puigdemont for detido.
Para Pedro Sánchez, a única vantagem desta querela regionalista é a de desviar as atenções da polémica em torno da sua mulher, Begoña Gómez. O primeiro-ministro espanhol já elogiou o acordo na Catalunha, classificando-o como “um passo na federalização”.