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Terminadas que estão as autárquicas, seguimos a todo o vapor para as eleições presidenciais. O rol de candidatos está praticamente fechado e há pelo menos três que se destacam, por enquanto, na corrida ao Palácio de Belém: Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes e António José Seguro. Sem desprimor para os restantes, são estes os grandes favoritos. E não se trata aqui de acreditar mais ou menos em sondagens, até porque ainda teremos três meses de campanha, muitas outras sondagens e muitos altos e baixos para qualquer deles. Do que se trata é de verificar que são os favoritos porque serão sempre aqueles que o eleitorado verá como os candidatos moderados, ou para usar a designação mais habitual, os candidatos do centro. E já se percebeu que nenhum deles está muito interessado nem em afirmar-se mais de centro-esquerda, nem de centro-direita. É centro sem hífens e outras direções porque é por aí que se joga quem será o futuro. O almirante até já reclamou para si o espaço entre o socialismo e a social-democracia (na verdade, queria dizer entre o PS e o PSD, porque ambos já pouco têm que ver com a ideologia que lhes deu origem e nome) e já deu para perceber que Seguro fará o que puder para não ser visto como o mais esquerdista dos três (até a procurar o apoio de "passistas", seja lá o que isso for). Talvez Mendes se incomode menos com isso, mas só porque o PSD, o seu partido de origem, vem de duas vitórias consecutivas, o que é capaz de constituir uma ajuda de fôlego para passar à segunda volta. Mas do centro são e no centro vão querer ficar. É aí que se ganham as eleições. É só fazer as contas: nas legislativas de maio, somadas as percentagens de todos os partidos que vão do centro-esquerda ao centro-direita, ou seja, do Livre à Iniciativa Liberal, foi aí que estacionaram 66% dos eleitores. E nas autárquicas? Somados os resultados de todos esses partidos ou coligações que lideraram, foram 76%. Para quem pense que há uma excessiva amplitude nesta soma, recorde-se que para chegar a presidente da República "bastam" 50%. Quase se poderia apostar que vai ganhar aquele que conseguir convencer o eleitorado que é o que fica mais ao centro (e desde que não dê um tiro no pé) é o que vai ganhar.